quarta-feira, 5 de maio de 2010

O olho mágico e suas lendas

23003_magic_eye“Bom dia, amigo”, disse uma pessoa, colocando a mão em meu ombro no supermercado. Depois de olhá-lo por uns instantes, e mesmo sem conseguir lembrar de onde eu conhecia aquele cara, eu respondi com um sorriso amigável e umas palavras curiosas. Estranho como usamos as palavras curiosas. Curiosas no sentido de querer saber algo que você realmente não quer saber. Eu, por exemplo, não queria saber da esposa daquele cara, da mãe, da filha e primos, ainda mais porque eu sequer lembrava daquele sujeito.

Penso que às vezes ficamos mecanizados demais. Não visitamos mais nossos amigos, nossa vida torna-se repleta de desconfiança até mesmo com parentes próximos. Quando abro a porta do meu apartamento na hora de sair para a faculdade, imediatamente todos os olhos-mágicos das outras portas se enegrecem. Todos curiosos pela vida alheia, algo que pudesse dar um sentido a alguma coisa que aconteceu durante seu dia. Por exemplo, algumas pessoas se perguntam porque eu fico quase sempre só em casa. Alguns vizinhos me ouvem conversando com minha amiga no telefone (e, de fato, temos muito a conversar). Mas eu posso dizer que, de 7 dias por semana, somente 1 dia uma pessoa vem a minha casa. Fica geralmente pouco tempo.

Baseado nesse fato, já ouvi relatos engraçados a meu respeito. Desde satanista até drogado. A mente humana encontrou seu anti-herói, então é hora de ampliar ao máximo esse acontecimento, para ter alguma coisa para falar, para descrever a seus amigos e parentes, e ter algum motivo para olhar pelo seu olho-mágico quando eu sair para a faculdade. Depois disso, o que acontece quando a lenda morre, é simplesmente um encontro casual em um supermercado, onde a pessoa consegue dizer até qual a sua colônia preferida, e voce não sabe absolutamente nada sobre ele. Para voce, ele é somente uma porta, um olho no olho-mágico, um transeunte que te viu chegar em casa as 2 da manhã de sexta-feira, que não tem uma esposa, uma namorada, um affair ou uma complicação. Logo, essa pessoa torna-se uma esponja, querendo absorver de voce qualquer coisa, um ato pequeno que dê vida aquela vida que, antigamente poderia ter sido igual a minha hoje.

Mas o cumprimento mecanizado e sem sentido, o “como vai”, “tudo bem”, deixa a pessoa que está esperando sua mensagem apreensiva. Ele não quer te dizer como ele está ou se está tudo bem. Ele quer que voce conte a ele o que está acontecendo dentro da sua casa, por detrás do seu olho-mágico, que ele percebe que nunca se enegrece quando uma pessoa sai do apartamento da frente. Ele quer saber porque meu interfone não toca, porque passo horas no telefone, porque cozinho para uma pessoa só, porque ouço as musicas que eu ouço, que cheiro de incenso é aquele que sai do meu apartamento, porque a segunda janela do meu apartamento nunca está aberta. O desespero toma conta da mente quando não acha as respostas que quer.

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