segunda-feira, 28 de junho de 2010

Que hoje seja o dia.

 

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Que hoje seja o dia exato para toda a mudança. Que voce acorde de manhã pensando naquilo que você quer. Pense em tudo o que vai ganhar se disser àquela pessoa que você o ama, peça um beijo a ele, sinta-o perto de você, sinta seu perfume, seu toque… ame-o.

Saia pela rua, caminhe para o seu trabalho, não pelo canto da calçada, mas ande bem no meio da rua, para que todos possam vê-lo. Até as pessoas próximas da sua casa não o conhecem até hoje. A partir de hoje, seja a pessoa mais conhecida do seu mundo. Não dê oportunidade para que alguém diga que não o conhece.

Que hoje seja o dia em que você deu a volta por cima de todas as palavras grosseiras ditas contra seu amor, contra sua amizade. Que tudo o que foi dito seja arremessado contra os atacantes com todo o charme e sutileza que só voce tem. Aja contra seus antigos amigos hipócritas como se eles não existissem, e não se atreva a olhar para trás quando lhe chamarem. Eles são passado, e você é o futuro.

Que hoje seja o dia que sua loucura vai se apresentar a todos os seus inimigos, com seu melhor sorriso sarcástico e suas roupas espalhafatosas. As pessoas ficarão com medo da sua alegria, e esconder-se-ão debaixo de suas camas, maquinando coisas mesquinhas contra outras pessoas que eram como você. Porque hoje você não é mais aquela pessoa que eles conheceram, humilharam, espezinharam e maltrataram. Hoje você comanda o show.

Cutuque o sol por cima das nuvens e obrigue-o a brilhar o máximo que puder, porque hoje é seu dia. Hoje nem mesmo as cartas dos antigos namorados, que ficaram gravados no seu coração vai servir de pretexto para sua tristeza. Hoje suas paredes de desilusões serão tapetes para seu desfile.

Que hoje seja o dia que todos saberão que a pessoa que voce era antes de hoje não existe mais. E que tudo depois disso não será uma mera repetição.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Futuro.

Marque um ponto de partida na sua vida. Depois disso, vá andando pra trás, até chegar ao acontecimento que o levou até aquele ponto que você marcou. Avance de novo até o ponto marcado e o exclua. Veja agora o que sua vida tornou-se.

É difícil para nós aceitarmos algumas coisas do passado, não é mesmo? Algumas palavras ditas, um beijo que não demos, um aperto de mão que esquecemos, e todos os acontecimentos após isso tornam-se confusos até hoje.

Por muito tempo pensei que se eu possuísse uma máquina do tempo, iria mudar tudo o que já foi feito no passado. Mas isso seria tão estranho, pois assim eu não conheceria as pessoas que hoje eu considero meus amigos, estaria em outro lugar, com outras pessoas que já tinha me acostumado a viver separado… eu sequer saberia se eu estaria vivo hoje.

Acho que o passado é assim, tão traumático porque ele nos dá referencia de tudo o que aconteceu antes, para que não façamos de novo. Se alguma pessoa dissesse pra mim que eu ia sofrer com algumas decisões que eu tomei, acho que não acreditaria nela. Eu tinha que viver por mim mesmo, provar as dores para saber que realmente era uma coisa ruim.

Hoje em dia, eu ainda penso no passado. Quem não pensa? Todos estamos presos nas velas do presente, e olhando pra trás. Mas o importante é que hoje eu sei o valor que todas as coisas tiveram para mim. Por mais sofrimento que eu tive, eu sei que, mesmo nos meus dias chuvosos, havia um sol lá em cima que me mostrava se era dia ou noite. Isso me deixa feliz o bastante para continuar preso às velas, olhando para trás, mas pensando no meu futuro. É somente isso que me importa.

domingo, 13 de junho de 2010

Fim

Esse é o ponto que eu marco toda a mudança na minha vida. O que era muito importante para mim um dia, tornou-se motivo de minhas mágoas ontem, hoje é nada, e amanhã terá sumido.

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Estive por todas as partes do mundo e não reparei nisso. Chorei quando tinha que rir, ri quando tinha que dançar, e dançei quando tinha que fugir. As satisfações foram dadas de formas erradas. A minha vida tornou-se uma roleta russa.

Mas isso é o fim. Acabou-se todo o sentimento. Acabou-se as satisfações. Todo o amor que eu sentir doravante pertencerá a mim e a pessoa que a merecer. Toda minha loucura vai voltar no ato de viver como eu sempre quis viver, porque eu já gastei tempo demais pensando em parar. A vida me presenteou com o que ela tem de melhor. E os deuses olham por mim de algum lugar que eu não conheço.

Esse é o fim. Minha loucura e impertinência, minha teimosia e minha raiva, meu ódio e meu amor, pertencerá somente a mim. Sou o que era antes de tudo, e serei o que quiser.

Se o futuro a Deus pertence, peço a ele que apague todas as linhas da minha vida futura. Porque tudo o que parecer determinado, eu questionarei. Sou um arquivista, e posso mudar o que eu quiser.

Que todas as pessoas que se importam comigo mostrem seus atos de preocupação, e que todos os que não importam na minha vida partam sem deixar nem sequer as amarras das suas cordas no meu porto.

Fui eu quem começou tudo isso, e agora ponho o fim. Às pessoas que esperam por isso, vibrem. Aos outros, que vão se irritar, não posso fazer nada. É o meu navio que está partindo. E é a minha vida que está em jogo.

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Esse é o fim. Obrigado a todos, que me mostraram que há mais nas letras e palavras que eu escrevo do que eu mesmo pensava existir. Saiba que também vocês, que me ajudaram, estão contidos nessas linhas, desde o começo. Mas isso é mais coisa minha mesmo.

Alea Jacta Est

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sábado, 12 de junho de 2010

Feliz dia dos namorados

Feliz dia dos namorados a todos que são apaixonados. A todos que acordam com a certeza de estar com a pessoa certa, que estão com sua cara-metade. A todas as pessoas que hoje sonham com seus amores, estejam eles longe ou perto.

A todas as pessoas que vivem na premissa do amor que foi-se e vai retornar um dia. A todas as pessoas que sofrem por um amor, mas sabem que a separação é a melhor opção, sim, essas também merecem as felicitações.

Para aqueles que estão sonhando em pé ou ainda não levantaram da cama, para todos aqueles que estão esperando o namorado ligar para dar os parabéns. Para todos os solitários que hoje sabem que é melhor estar sozinho. Para os que ouvem músicas de amor, os que estão chorando olhando para as fotos, para os que estão vendo seus amores com outras pessoas, para os que tiveram que dizer não quando deveriam dizer sim. Para tudo o que significa o apelo no amor.

Feliz dia dos namorados para mim, o que escreve nesse lugar. Feliz dia dos namorados para voce, que lê isso. Felicite a todos que encontrar. Todas as pessoas, todos os amigos, todos os estranhos. Nunca se sabe se uma dessas pessoas vai tornar-se seu namorado.

Aqui vai uma coisa que lembra bem esse dia. Tradução abaixo.


Küss Mich/Beije-me

Eu sei, eu sei como você chama
Eu sei, eu sei o que você pratica
Não posso mais dormir, não posso mais comer
Eeu sou para sua vista um louco
Eu sei, eu sei, como você sente
Eu sei, eu sei, quando você mente
Entre o buraco da fechadura, eu irei me rastejar
para sua alma alcançar
meu espirito flutua sobre você
Você pode me salvar com teus beijos

Beije-me
Beije-me
Beije-me apenas mais uma vez

Eu sei, eu sei, como você dorme
Eu sei, eu sei, como você vai
Minha força entra em ebulição
Eu venho de quatro me rastejando
Eu sei, eu sei, como você cheira
Eu sei, eu sei, quando você ama
Entre as paredes eu irei me esticar
Me encaixar em você
minha alma flutua sobre você
você pode me salvar com teus beijos

Beije-me
Beije-me
Beije-me apenas mais uma vez

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Seja toda a situação que quiser ser.

Você chegou cedo em casa, e me viu ___________ (sentado no sofá / deitado na cama / em pé na sala) lhe esperando. Largou calmamente sua __________ (sandália / garrafa de vinho / bolsa) na cadeira e veio me ______________ (beijar / acordar / acusar). Tínhamos muito a conversar.

Você estava ____________ (cheirosa / nervosa / cansada) como sempre. Estranho como ainda me sinto _______________ (apaixonado por / enojado com / preso a) você. Foi só lhe ver passando pela porta e tive um ímpeto de _______________ (te beijar / discutir / ir embora). Acho que é recíproco.

Eu fui ao seu encontro e __________________ (tomei-a em meus braços / expus minha revolta contra seu ódio / perguntei o que seria de nós). Você não ________________ (ofereceu resistência / deixou de gritar / esboçou reação).

Logo éramos __________________ (uma massa de um corpo só / dois inimigos íntimos / dois estranhos), se esgueirando pelas paredes ao longo do corredor a procura da porta do quarto. Afinal, _____________ (nós nos queríamos / você estava bêbada e eu com ódio / você estava cansada).

Ouvi seus _____________ (sussurros / gritos / bocejos) enquanto ________________ (deitava na cama / arrumava suas malas / tirava sua roupa). Não foi nem tão rápido para estragar o momento, e nem tão devagar para me tornar enfadonho. Queria ___________________ (que você fosse embora / que esse momento durasse para sempre / que você me mostrasse o que aconteceu). Seu ___________________ (corpo me queria com você / coração me queria morto / descaso me queria longe), e eu queria lhe dar o que você precisava.

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Você foi rápida ____________________ (ao me acusar / a me expulsar / ao me despir). Eu era __________________ (seu algoz e você minha assombração / seu nada e voce minha mancha / seu amor e voce era minha amada), como tinha que ser por todo o tempo. Nossos corpos sabiam cada pequeno ato a ser executado na sinfonia ________________________ (que era nosso amor / que era nosso combate / que era nossa rotina). Olhávamos nos olhos um do outro, e ao invés de dizer _______________________ (“eu te amo” / “eu te odeio” / “eu estou cansada”), bastaria dizer somente “eu sei”.

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O ___________________________________ (seu amor e minha fascinação / seu descaso e minha indignação / seu ódio e minha raiva) deram conta do recado. Depois de tudo que passamos, do longo tempo em que nós ____________ (lutamos / ignoramos / devoramos), ainda sentia _____________________ (seu coração batendo enquanto te beijava suamente / seu rancor pulsando enquanto falava que estávamos acabados / seu cansaço quando perguntei o que sentia). Não haveria nada que eu quisesse mais do que _______________________________ (ter você nua nos meus braços / ver você me abraçando / ver você partindo). Pedi para você ____________________ (me dar um sinal / ir embora / nunca me deixar). você riu baixinho. Disse que _____________________(não conseguiria, mesmo que tentasse / não tinha nada para dizer / que ela iria mesmo que eu não deixasse). Eu disse que te amava, enquanto ____________________________ (mexia os cabelos contra meus olhos / via você partindo sem olhar para trás / ouvia sua respiração ficar mais lenta até você dormir). Fechei os olhos e pedi silenciosamente que me desse forças para _________________________ (suportar toda a dor / acabasse logo com isso / te amar a cada dia mais). Porque eu te amo.

Somos quem sempre queremos ser. Se tudo que você tem na vida são mágoas e ressentimentos, não espere conseguir resultados diferentes fazendo as mesmas coisas. Se pensa que todo mundo é imperfeito, eis que olhamos nos outros toda a imperfeição que carregamos em nós. Se ama demais, aprenda que amar não é sempre pensar que o seu parceiro será perfeito, ou que nunca a magoará. Somos humanos, e não máquinas. O amor cresce com tudo o que colocamos nele, desde que dosadamente. O amor não mente, não se ilude, não engana. Mas não “somos” amor. Somos mensageiros do amor. Podemos omitir informações, podemos sonhar um pouco, podemos enganar e sermos enganados. Mas na hora que você olhar nos olhos daquela pessoa que você ama, e souber, tiver a certeza que ele te ama com a mesma intensidade, sem egoísmo, sem relatividade, sem barreiras, aí sim, você será mais que um mensageiro.

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quinta-feira, 10 de junho de 2010

Amizade.

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Analisei por um tempo como funciona o mecanismo louco de amizade. Ele torna-se mais louco que o próprio amor. Porque ele não precisa necessariamente ver os erros do outro, nós somos amigos porque somos amigos e pronto!

Acho que a amizade é complicada porque ele lembra um pouco o amor. Dizem que a amizade é um amor que nunca morre. Será? Algumas vezes recebemos cada punhalada das pessoas que dizem ser nossos amigos, que quase matam o corpo, o que dizer desse sentimento?

“Para conseguir a amizade de uma pessoa digna é preciso desenvolvermos em nós mesmos as qualidades que naquela admiramos”, disse Sócrates. Isso começa a ter sentido se analisarmos o porquê de começarmos uma amizade. A amizade é uma troca de sentimentos e até mesmo uma inveja saudável do jeito da outra pessoa que recebe o nosso sentimento.

“A melhor maneira de começar uma amizade é com uma boa gargalhada. De terminar com ela, também”, disse o grande Oscar Wilde. Caramba… sempre achei que Oscar Wilde não pertencia a esse mundo. Muitas das minhas amizades começaram com uma piada. Foi ficando séria, tornou-se um tanto rígida por algum tempo, veio a teimosia, veio as discussões, e por fim, quando temos nossa última conversa, alguém vai rir desdenhosamente do sentimento do outro e pronto, lá se vai o barquinho do antigo amigo rumando pelos mares da vida.

“A amizade é uma predisposição recíproca que torna dois seres igualmente ciosos da felicidade um do outro”. Platão disse isso, acho, que como um lembrete para mim. Acho que tenho amigos que não são tão ciosos com minha felicidade… Acho então que isso não é amigo, mas sim uma companhia pelo caminho que você está percorrendo.

“Nunca foi um bom amigo quem por pouco quebrou a amizade”, esse é um provérbio popular. Ele é show. Eu já tive tantas discussões com amigos meus, já caí na porrada com alguns, mas depois tudo se esquece.

“A amizade é o amor sem asas”. Grande Lord Byron. Isso sintetiza muito do que eu pensei. Mas isso é coisa minha.

Por último, um ditado que eu sempre imaginei, e ele sempre teve muito a ver com tudo o que acontece hoje em dia. É algo que as pessoas devem ter gravadas na cabeça e no coração, pois nada é tão perfeito para durar para sempre mediante tantas provações. Ouvimos coisas de nossos amigos, suportamos intempéries, passamos por dificuldades, carregamos os problemas, mas chega uma hora que a linha que suporta toda a amizade fica tênue.

A verdadeira amizade é como a saúde: o seu valor só é reconhecido quando a perdemos. – Charles Colton

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quarta-feira, 9 de junho de 2010

Sim, não e talvez

Talvez eu fosse mais feliz se parasse de escrever as coisas aqui. Se eu fosse mais um, aquele que acorda pensando na hora de ir dormir, que não pensa nada além das  coisas que ele vai ter que fazer durante o dia, que não imagina um mundo além da janela do seu quarto.

Talvez o mundo se tornasse menos colorido e mais preto-e-branco, se eu fosse igual a todo mundo. Se eu fosse igual a todo mundo, talvez as feridas das paixões não machucariam meu rosto, todas as indiretas que eu ouviria da pessoa que eu quero soariam como simples provocações, e eu seguiria minha vida sem ligar para isso. Mas talvez seja porque eu escrevo as coisas aqui, ou talvez eu quero ver o mundo além da janela do meu quarto.

A essa altura você deve estar se perguntando o que há além da janela do meu quarto. Meu mundo é perfeito, eu seria amado na mesma intensidade que eu amaria, não me sentiria sozinho, não ficaria triste toda vez que eu pensasse que tenho alguém, pois não haveria motivos para isso. Não haveria motivos para brigas, eu saberia que sou amado pela primeira vez em muito tempo. Talvez eu saberia que sou amado pela primeira vez na vida. Quem diria isso, certo?

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Mas toda a probabilidade do “talvez” esvai-se entre meus dedos quando penso nisso. Acho que eu exigo demais de mim, talvez. E se o mundo não estiver errado, e sim eu?

Se eu seguisse o mundo inteiro, será que eu pararia de escrever as coisas aqui? Ou será que eu escreveria sobre coisas aleatórias e menos extravagantes, e todo mundo leria, e me seguiria, e eu ficaria famoso? Talvez.

O talvez persegue a todos por toda a vida. O que fazemos do talvez para que ele se realize é que importa. Se nos alienarmos do mundo, alguns talvez não se concretizariam, mas isso traria outros “talvezes”.

Que dificuldade pensar nisso! Talvez eu devesse parar de pensar nisso, e ficar olhando pela janela do meu quarto, sabe…window

Caos no Jardim e Gotas de tinta

Pinte meu céu com seu caos, não deixe espaço para o céu azul. As nuvens brancas também não importam. Espero que voce consiga deixar tudo bem cinzento. Eu estarei sentado na grama, vendo você gritando, urrando, xingando e praguejando enquanto continua a pintar sua tela em meu mundo. Vou levantar e oferecer uma xícara de chá enquanto vejo todo seu ódio contra meu pedaço de paraiso sendo exposto de forma tão fria. Conte tudo, assim como tudo o que aconteceu antes. Fale das suas decepções, da sua vida amorosa, dos seus traumas, e eu estarei procurando na cesta a minha garrafa de rum. Farei seu ódio parecer uma sinfonia de Beethoven.

Quando terminar de descolorir meu céu, começe a arrancar toda a alegria do meu bosque. Derrame toda a sua fúria em meu refúgio. Eu não darei a mínima. O que é um pouco de nervosismo, não é? Vou olhar para cima e abrirei minha capa por cima da cabeça, pois começa a ser formar um borrão negro de chuva.

Vou olhar meu relógio para ver quanto você demora para terminar de desconstruir meu mundo. As gotas da tempestade começam a cair, o chão sem vegetação alguma começa a mostrar os sinais do ataque das gotas. Elas mancham todo o assoalho com a tinta cinza com que pintou o céu.

Seus amores passados, seus dias de festa e seus dias de tristeza, tudo será arquivado por mim. Não tem problema. Eu já tive minha cota de problemas por tanto tempo, o que custa ouvir os problemas alheios…

Meu terno grafite começa a mostrar os sinais que minha capa de chuva não é tão resistente assim à tempestade que voce causou. Manchas começam a aparecer aqui e ali. Minha camisa branca recebe uma gota certeira. Vou recolher acampamento e vou atrás de você, com a capa de chuva por cima da cabeça e a garrafa de rum na mão.

Verei você gritar em resposta aos trovões. Vai juntar suas lágrimas com a tinta que está caindo dos céus que você pintou. Elas atingem o chão e formam uma nova vegetação. Não existe nada que não floresça no meu jardim.

Quando sua fúria chegar a sua totalidade, e você se der por vencida, eu estarei por perto. Ofecerei minha ajuda, um lugar embaixo da minha capa de chuva. Vai te abrigar como uma jaqueta velha, mas servirá. Vou te escoltar até sua casa. Lá, você poderá encontrar um pouco da sua paz. Enquanto estiver sentada em sua poltrona na varanda, eu vou arrumar os cabelos com a mão, colocarei a capa de chuva por cima do que sobrou do meu terno, e vou me despedir. Vou voltar para meus dominios. Consertarei todo o caos e vou sentar-me para tomar meu rum. Ficarei em paz até o dia que você precisar, de novo. Aí será mais um dia de caos no meu jardim. Mas o que é um pouco de caos, não é?

terça-feira, 8 de junho de 2010

O Rapaz e a estrada.

 

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Essa é a história de um garoto que não sou eu, que não é você, que não é ninguém. Desde pequeno ele quis o mundo, mas o que ele conseguiu foi uma alienação de seus sonhos, e ele tomou a estrada que poucas pessoas seguem.

A vegetação naquele lugar era grossa, difícil de abrir caminho. Mas o rapaz não quis saber. Ele continuou seguindo pelo caminho, ora desviando dos espinhos, ora recebendo no rosto toda força do impacto. Ainda conseguia ouvir, durante seu percurso, a voz de seus amigos que o chamavam e pediam para desistir. Mas o caminho que os outros estavam não era o caminho que ele queria seguir. Não havia sentido naquilo tudo que ele vira desde pequeno. Deveria haver mais alguma coisa no mundo além do que ele “aprendera” a amar.

No meio do caminho, ele encontrou outras pessoas. Alguns deles estavam perdidos, outros tinham parado no meio do caminho e construíram ali sua habitação, tamanha era a fraqueza para percorrer toda aquela via Crucis. Alguns outros eram personagens de suas fantasias. Ele aprendeu a conviver com fadas, elfos, bruxas, vampiros e lycans, espíritos bons e ruins, e então ele começou a achar que o caminho não era tão solitário quanto antes.

Foi ali que ele entregou seu coração pela primeira vez. O garoto sem nome adotou um apelido: “marido”. Viu o sol poucas vezes, mas isso não importava, pois achava que estava feliz. Todos os dias ele acordava achando que sua vida tinha virado o conto-de-fadas que ele vira no passado. Queria ficar ali para sempre.

Mas tamanha ironia do destino, o lugar onde ele estava morando era vivo, e começou a manifestar-se de forma complicada. As pessoas, outrora tão felizes, mostraram toda sua tristeza por não conseguir sair daquele lugar. “Mas eles nem sequer tentavam”, pensou o garoto. Ele decidiu ajudar aquele povo a sair dali. Conversou com um, incentivou outro, e então aconteceu justamente o contrário. Ele foi expulso daquele lugar onde estava, porque era “alienado” demais para ficar ali.

Ele ainda ficou parado na beira do caminho onde fora largado pelo povo, pensando o que tinha acontecido de errado. Mas não teve muito tempo a perder com isso. Ouviu canções que gostava, ouvia risos em algum lugar, e rapidamente passou a perseguir aqueles sons. Viu que, conforme ia andando, a vegetação tornava-se mais espessa e menos seca. Exultou quando achou a primeira folha verde na relva. Passando por ela, uma árvore enorme apontava o caminho que deveria seguir. E além dela, um oásis aguardava por ele. Correu ao encontro daquele sonho, viu cachoeiras, ninfas, viu crianças rindo e correndo, viu uma banda tocando antigas cantigas com um compasso incrivel. Foi bem recebido por todos. Tornou-se parte de uma família que vivia rindo, e ele foi ajudado a curar suas feridas. O passado tornou-se uma pintura na parede do coração, e ele pensou em seguir seu rumo.

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Mas o povo dali disse que não seguiria o caminho com ele. Para eles, o caminho acabava ali. Não havia necessidade de continuar procurando o que eles tinham achado. O garoto pensou em todo o povo parado no meio dos espinhos, que ele tinha convivido por algum tempo, achou que era impossível parar de seguir em frente. Tinha que haver mais alguma coisa além de acordar e dormir, de comer e brincar, de cantar e sorrir. Mas o povo dali não sabia responder o que era isso que ele estava procurando.

Ele decidiu partir sozinho. Largou na cachoeira o colar de flores que tinha recebido, jogou fora o anel que recebera do povo dos espinhos e seguiu em frente. Viu o sol parado por trás dele, recusando a sua luz a cada passo que ele dava. Mas não poderia haver só aquilo, pensava o rapaz sem nome. Ele correu o máximo que pôde para fugir das memórias. Elas eram sorrateiras e o feriam toda vez que o alcançavam.

Andando, andando e andando, chegou a uma casa abandonada. Achou-a simpática e conservada. Entrou ali, chamou pelo proprietário que não respondeu, mas achou uma carta na porta. Dizia que o dono partiu para procurar o que ele achava que tinha perdido, e não tinha pretensão de voltar enquanto não achasse. O garoto exultou. Então havia pessoas como ele! Depois que descansar, pensou ele, eu vou atrás dessa pessoa.

Mas ele descansava, descansava, e nunca estava descansado para partir. Sempre havia alguma coisa a fazer na casa, uma reforma, uma limpeza, uma pintura…e ele ficou por ali por muito tempo reformando aquele lugar. Esquecera-se completamente que aquela casa não era dele. Mas não importava. Queria cuidar de tudo. Quem sabe um dia, quando o trabalho estivesse pronto, ele teria força para sair dali.

Um dia, resolveu limpar as janelas do andar de cima da casa. Quando o vidro tornou-se claro, avistou ao longe uma pessoa que chamou sua atenção. Ela era diferentemente igual a tudo o que tinha visto antes. Algo como a junção do povo dos espinhos com o pessoal que morava no oásis. Logo viu-se olhando para aquela figura. O jeito como arrumava o cabelo, o jeito de se vestir, o modo de falar, de sorrir, tudo aquilo chamou a atenção.

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Ela também reparou que ele estava olhando. Chamou-o para fazer companhia. Ele correu, saiu da casa e foi até ela. Conversaram por horas. Sobre os medos dele, ela deu conselhos. Sobre a insegurança dela, ele ofereceu ajuda. Sobre os amores passados, os dois falaram, mas alguma coisa soava diferente.

Ele voltou para casa, e ela ficou na casa dela. Eles se visitavam de vez em quando. A relação ficou mais forte, e o garoto começou a pensar nela. Ajudou o quanto pôde, ela percebeu o que ele sentia. Eles decidiram fazer sua história. O garoto sem nome pensou em tudo o que tinha passado, sobre as decepções que tinha sofrido, mas achava que aquilo não aconteceria de novo. Pensou em entregar seu coração de novo.

Mas no dia em que ia dá-lo de presente, ele viu que ela estava diferente. Já não sorria com ele, não tinha paciência para ouvi-lo. Ele viu então o que ela escondia. Voltou para casa e lá chorou tudo o que não tinha chorado por anos. O coração esvaziou-se ali. No dia seguinte, para variar, acordou cansado. Mas isso não seria mais impecilho. Ele partiria daquele lugar. Já tinha ficado tempo demais parado ali. Colocou o bilhete de volta na porta, com algumas alterações. E partiu. Ainda ouvia a vizinha e chamando por ele, mas ele não olhou para trás. A estrada seria sua única companhia.

Ainda se fala no rapaz sem nome, que tomou seu rumo para algum lugar. O povo da cachoeira fala que ele era louco. O povo dos espinhos fala que ele era um medroso. A vizinha não fala muito nisso.

Se ele conseguiu encontrar o que procurava, eu não sei. Na verdade, eu nem sei se eu mesmo o encontrei ou se me contaram essa história. Talvez sejamos nós mesmos um pouco como esse garoto sem nome. Ou então somos o povo dos espinhos, ou a familia da cachoeira… Somos quem queremos ser.

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sábado, 5 de junho de 2010

Um texto sem nome.

Agora chega de falar de amor. Falemos de uma coisa que atinge a todo mundo, mesmo que eles mesmos nunca admitam.

Todos somos loucos, disse um amigo meu outro dia. Acho que ele tem razão. Veja bem: nascemos completamente indefesos, sem nenhum manual de sobrevivência, passamos a crescer pouco a pouco, e justamente na fase que mais precisamos de carinho nós vemos nossos pais brigando, discutindo, nossos irmãos brigando pelo carrinho de corrida, a professora na escola continua todo o nosso processo de castração, já iniciado em nossos lares, nos ensinando o poder esmagador de um “NÃO” bem na nossa cara. Choramos mais e somos menos atendidos. Começam as cobranças para virarmos adultos. Todo mundo começa a falar: “nossa, voce já tá um homenzinho”, e essas palavras ficam encrustadas em nosso coração, começamos a achar que deve ser o máximo crescer para irmos onde quisermos, fazermos as coisas sem dar satisfações a ninguém. Pensamos tanto nisso que perdemos uma parte da nossa infância. Todo o sistema de repressão começa a destruir todas as bases da nossa felicidade. No lugar de brincadeiras, um sistema militar de ensino. No lugar de carinho, o tapa dos pais, dos irmãos, dos amigos da escola e até mesmo da professora. E fora isso começam os tapas psicológicos, nos chamando de “palhaços”, “idiotas”, “imbecis” para cada ato nosso que se mostra diferente da maioria.

 

Aí, exatamente nessa parte, quando temos cerca de 2 a 4 anos, é que nosso Olimpo desvanece na nossa frente. Os professores chamam nossos pais para conversar, dizer que somos diferentes, que deveriam dar uma atenção especial. Ouvimos palavras que não entendemos, como “hiperativos”, “super dotados”, “déficit de atenção”, “disperso”… A única palavra que começamos a relacionar isso é aquela que nossos Lost_Childhood_by_natsfrpais mesmos nos ensinaram: BURROS.

Tornamo-nos burros porque não queremos viver conforme as outras pessoas nesse mundo. Deixamos nossas aspirações de lado, começamos a dar duro na escola, que mais parece uma masmorra. Nas aulas de história começamos a nos identificar com heróis do passado, que foram mortos, ou pela forca, ou queimados, ou fuzilados, ou torturados. Sabemos que todos eles foram crianças como nós, “hiperativas”, “especiais”, “super dotadas”, BURRAS.

O jardim de infância passou faz muito tempo, e ele não nos deixou levar nada. As lembranças não são melhores. O que ele tomou de nós, isso sim temos saudade: nossa livre inocência.

Somente quando estamos bem adiantados nisso tudo, nessa corrida maluca que chamamos de vida, é que começamos a ver o que poderíamos ter feito de diferente no passado. Mas, para que isso importa? Será que se eu não tivesse saído de bicicleta naquele dia, eu teria me quebrado menos? Será que meu pai teria menos rancor se eu não tivesse me mostrado um ator nato em todas as situações que ele tinha que comparecer à escola para ouvir reclamações a meu respeito? Minha mãe me amaria mais se eu tivesse chorado menos e sido mais “adulto” aos 5 anos? O passado é o nosso pior inimigo. Ele nos faz chorar de tristeza por causa de acontecimentos felizes de anos atrás, nos faz rir de situações que morríamos de ódio há algumas décadas. Ou seja, ele trata de inverter os sentimentos depois de um tempo.

Aí, depois que nos tornamos adolescentes, começamos a pensar em mudar tudo, mudar todo o sistema que vivemos, os ideais de igualdade afloram aqui e ali, mas de nada serve. Conhecemos uma pessoa que amamos loucamente, os ideais são enterrados pelo amor vitimado, o mesmo que vimos nossos pais sofrendo quando éramos pequenos. Não nos lembramos, nesse momento, das brigas que eles tinham. Se lembrássemos disso, acho que nunca pensaríamos em ter alguém. Mas esquecemos rápido.

O que acontece depois é que nossos pais começam a sair dos primeiros lugares da montanha-russa que estamos, para nos dar lugar privilegiado de todo o desastre que vai se seguir. Recebemos na cara todo o ar frio da realidade, cortamos nossos rostos com as decepções que vem em ritmo frenético, somos chutados para fora do banco quando o carrinho atinge um quebra molas. Tudo isso ao som de cantigas infantis, letras apaixonadas e sons indistintos das pessoas que pedem para que sejamos corajosos, que continuemos seguindo até o fim, para sermos homens, para não sermos como nossos pais, que fizeram as coisas erradas. Num loop repentino, nosso parceiro é arrancado do nosso lado. Nossa corrida começa a ficar mais escura, e pensamos o tempo todo em voltar a ser criança, para voltar à época que ficávamos embaixo do cobertor, esperando o dia amanhecer e ver que tudo era um sonho. No final, somos só nós, com nossas ilusões, nossos traumas, nossos adjetivos e predicados, num carrinho de montanha-russa velho.

Já conseguiu ver do que se trata o texto? Consegue ver o que é “isso”, que atinge a todos? Bem vindo a sua vida.

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sexta-feira, 4 de junho de 2010

A pedra de toque

Sempre pensei que histórias de amor não são feitas para durar tanto quanto pensamos. A não ser quando duas pessoas são realmente apaixonadas, que transformam a paixão em um amor dependente, uma coisa que transcende o tempo. Mas essas são exceções. ´

Às vezes nos descobrimos gostando de alguém. Esse “gostar” dá lugar ao “importar”, a importância dá lugar a dependência, que dá lugar a saudade, que leva a paixão velada, ao primeiro beijo, à vontade de ficar junto, às pequenas declarações de um recente e adiantado amor, e por fim, numa coisa que só pode ser comparada à cartões de dia dos namorados e potes de margarina. Essa é exatamente a parte que eu daria um “STOP” na minha vida. Na parte que eu estivesse rindo como num pote de margarina. Mas a vida insiste em continuar, e descobrimos pessoas novas dentro da pessoa que amamos. Ela também descobre que seu cavaleiro andante nada mais é que um mortal, que o cavalo branco é uma bicicletinha, que a armadura reluzente é uma jaqueta de couro surrada com mais de 40 anos. As conversas apaixonadas continuarão, com certeza, mas agora será mais “realista”. Saberemos das limitações do outro, e tentaremos não irritar o parceiro. Afinal, nosso disfarçe caiu.

E toda a descoberta depois disso será boa ou ruim dependendo do que você quer ver. Se quiser continuar sonhando com um cavaleiro, pode perder a chance da sua vida. Se voce espera uma mulher que te satisfaça no quesito que a mídia impõe a voce, está se decepcionando, e ainda mais, está perdendo seu amor. É como uma pedra de toque.

Sim, uma pedra de toque. É exatamente que o parceiro ideal é para nós. Aquele objeto que vai realizar todos os nossos sonhos e desejos. Mas temos que ter cuidado. No caminho para achar a nossa pedra, podemos jogá-la fora, aí outra pessoa acha, e pronto, lá se vai sua chance…

Eu mesmo nem sei se já achei minha pedra de toque ou não. Tenho minha paixão velada, quem não tem? Espero um dia que essa paixão seja minha pedra de toque. Que ela não me realize, mas sim que ela me ajude a realizar que vamos pretender juntos. Realização pessoal ao lado de uma pessoa é egoísmo.

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Bem vindo a todos

Bem vindo a todos. Pegue uma cerveja, ou você prefere vodka? Tem rum também, conhaque...
Sabe de uma coisa, pegue você mesmo, fique à vontade. Curta o show, ele é único. Certifique-se de que tenha desligado o celular, porque isso aqui não tem hora e nem dia para acabar.
ENJOY...

Influências

  • Aerosmith
  • Blackmore's Night
  • Devil Driver
  • Impellitteri
  • Led Zeppelin
  • Lost Weekend
  • Motorhead
  • Pain
  • Rainbow
  • Yngwie Malmsteen