quinta-feira, 15 de novembro de 2018

21 Gramas

21 gramas, o peso da alma. Acho que é pra contrabalançar com todas as toneladas de culpas, decepções, tristezas e remorsos. Porque coisas boas não pesam. Elas te fortalecem. Ou pelo menos tornam seu peso temporariamente menor.
Ajude a todos e se ajude no caminho. Ajude-se a se afundar em tristezas, crie um mar de lágrimas, navegue-o com o frágil material de seus sonhos. Veja-o ser surrado pelas intempéries das palavras, ser chacoalhado pelo vento da ira e inveja e egoísmo alheio. Seja abalroado pelas vinganças de terceiros. Seja trancafiado nos porões da memória. Apegue-se às esperanças de ser liberto, ou de fugir, e seja vendido como escravo de amores dolorosos e fúteis.
Eu navego em meu mar, segurando um para-raios, esperando pelo relâmpago derradeiro que me fulminará. E então meu mar de lágrimas vai secar e dar lugar a um deserto lindo, o oásis marcará o lugar aonde repousarão minhas cinzas.
21 gramas, porque não 21 minutos? Porque não 21 segundos? Porque não medir em tempos todo o vexame de uma vida?
Maldito coração prostituído, vendido, rifado, roubado, e inútil. Pare de bater, por favor. Só pare.

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Blue


"Eu te amo"
"Eu te quero bem"
"Não me preocupo"
"Não me importo"
"Não sei lidar"
"Pede para outra pessoa"
"Você se preocupa demais"
"Um idiota falando por outro idiota"
"É tudo uma grande piada"
"Eu mostro quem manda"
"Você ainda vai cair feio"
"Você está interpretando errado"
"Eu não falei por mal"
"Estou longe, mas sinto sua falta"
"É você que não sabe das coisas"
"Você se culpa demais"
"Quando eu voltar, as coisas vão ser diferentes"
"Só vou sentir falta de você pelo sexo"
"Nunca vou sentir por outra pessoa o que senti por você"
"Lute para ficar vivo"
"É só uma fase"
"Você precisa de tratamento"
"Você está exagerando"
"Não podíamos ter terminado deste jeito"
"Você se apega demais"
"Não é o que você quer, mas é o que eu quero"
"Ainda vai acontecer um monte de coisas boas, você vai ver"
"Você enxerga tudo com lentes de aumento"
"Você dá atenção à coisas sem importância"
"Se você for embora, eu morro"
"Você está muito distante"
"Quero ver você ir embora daqui sem mim"
"O que você está pensando?"
O que?
Por quê?
Como?
"Você vai acabar sozinho"
"Nunca chorei por ninguém, não vou chorar por você"
"Acho que devíamos dar um tempo"
"Me desculpe se eu te deixei sozinho"
"Sinto falta dos nossos momentos"

E assim continua, a máquina dando corda, o palhaço esperando para sair da caixa, as máscaras penduradas na porta, o coração esmigalhado e costurado com arame farpado, o peito perfurado por lâminas de gelo, as lágrimas doendo ao sair.
Mas, ei! É só mais um dia, não é? O tempo resolve tudo. Um dia você vai esquecer e ser feliz...

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

NÓS E O PRECIPÍCIO.

10 pessoas paradas
100 vozes gritando
1000 sussurros comentando
"A felicidade sempre vem para quem a deseja".
A felicidade nada mais é que a junção de instantes de alegria.
O instante tem a duração de 3 segundos. Enquanto escrevo isso, já deve ter se passado quantos instantes? 10? 20? 1000? Não sei.
Todos nós estamos parados à beira do precipício que se expande conforme a enxurrada de lágrimas cai como uma tempestade. Alguns de nós têm sorte de não ver o chão faltar debaixo de seus pés no desmoronamento, no deslizamento de terra que é a frustração de planos e alegrias plásticas.
"Mas não se preocupe", dizem, "se ainda não é feliz, significa que ainda não é o final." Que frase barata! Devia vir estampada em caixas de armas ou munições. Ou então deveria vir gravada entre os nós da corda que cria a forca.
E quando abrimos os braços para acolher nossos queridos, esbarramos no sujeito ao nosso lado, e este cai desesperadamente, gritando por socorro, e não ouvimos porque estamos ocupados com a nossa própria felicidade emulada.
Por que se importar?
Por que parar de ser feliz para ajudar aquele que está pedindo ajuda?
É uma conta simples, na verdade.
Somos indiferentes, somos plásticos, somos egoístas, somos maus, somos debochados, somos ávidos por notícias ruins de outras pessoas, para justificar nossa vida que continua apesar da tempestade que cai sobre nós e torna nosso terreno cada vez mais frágil.
E olhando para o lado, vemos mais e mais pessoas junto a nós, esperando o quinhão que virá para alguém. E invejamos aqueles que a recebem, seja esse quinhão bom ou ruim. "Ele morreu". "Ele conseguiu um emprego", "ele terminou um relacionamento", "a esposa dele o abandonou". E damos graças aos Deuses por qualquer migalha de coisa que veio não pela Sua providência, mas por resultado de nossos atos. O espelho que fica posicionado à nossa frente nos empurra pra trás, sempre. E depois que caímos, o espelho permanece, as pessoas olham por um tempo, choram, colocam flores, depois se esquecem e seguem em frente.
É tudo uma ilusão. Tudo uma ilusão malfadada e fodida.

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

vaidade

Tudo é vaidade.

Vendo o mundo atual, na sua corrente odiosa e intransigente, não consigo ver os "ventos de mudança" que muitos falam por aí.
Já temos guerras demais no mundo, por motivos reais e imaginários, entrelinhas e nuances de liberdade, mas que no fundo nada mais tem do que uma real dominação através de poder de fogo superior.
São pessoas assassinadas em embaixadas, sumiços, suicídios, uma onda de violência (premeditada?) gratuita, e uma total incapacidade mundial de se manter o controle. O motivo disso? Vaidade.
Ninguém quer dar o braço a torcer e mudar de opinião. Não queremos ser esbofeteados com um "eu te disse?", ou ganharmos a pecha de vira-casaca, ou mesmo ser agredidos na rua por pessoas que outrora concordavam com nosso ponto de vista.
Então engolimos nosso orgulho besta e seguimos a vida no silêncio interior, gritando coisas que não acreditamos, apoiando causas que não concordamos, nos estribando em vícios que não gostamos de ter, justamente por uma posição de conforto doentia que essa tal vaidade nos dá, sem saber o preço que pagamos por isso a cada momento.
Acho que tudo isso que eu falei pode não ter sentido algum. Amanhã eu posso vir com outra justificativa, outro texto imbecil falando asneira a meia dúzia de pessoas que não se importam. Mas pelo menos eu me dou o direito de lutar contra mim mesmo e mudar minhas opiniões a todo momento.


sábado, 20 de outubro de 2018

Amo. Odeio

Eu te amo. Eu me odeio.
Eu te odeio me amando.
Eu odeio te amar.
Quisera eu me odiar mais e te amar menos.
Quisera eu amar mais do que odiar a mim mesmo.
Eu te amo. Eu não me amo.

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Desespero

Desespero. Diferente do que vemos por aí, pessoas se descabelando, gritando, chorando aos berros, se atirando no chão, o estado de desânimo, desalento, se caracteriza pela total falta de ânimo para qualquer coisa. É como ser morno enquanto as pessoas são quentes ou frias. O morno é cuspido, jogado fora, pois não mata a sede, não sacia a fome, não da prazer ao paladar.

Desespero. Quem dera vir casado com o desapego. Desapegaria da minha vida de bom grado. Porque estou cansado de conversar com o desespero.

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

areia.

Os sentimentos são como areia. Não importa se é areia de praia, ou de uma rua sem calçamento, de um deserto. Eles estão ali, juntos com milhares de outros grãos, cada um significando um sentimento diverso, seja para bem ou para o mal. A ventania, a erosão, as pisadas de animais ou pessoas acabam levando esses grãos para longe, mais distantes do que ela mesma imaginou, e pode tanto encontrar uma praia, ou um vaso de planta, como também pode se juntar com milhares de outros grãos sujos e se transformar em barro, lama, e talvez toda a virtude daquele sentimento/areia sofre uma mutação não prevista. Ela pode entrar no olho de alguém, pode acabar entupindo um encanamento, pode ser coadjuvante num deslizamento de terra que destrói tudo que encontra pelo caminho, ou também pode acabar em um vaso de planta que captará nutrientes para que uma semente cresça e produza uma árvore, uma planta, uma flor. Tudo depende de motivos alheios a ele. A areia não decide ficar e lutar contra a força natural, esta vinda não sei de onde, e então a jornada dela está sendo regida pelo acaso.

Assim é a humanidade. Não a humanidade de hoje. Mas a humanidade no decorrer da história, desde o começo de tudo. Ora, um grão de areia, se fosse dotado de pensamentos e anseios, tal qual um humano, com certeza não desejaria ser parte do monte que enterra abaixo de sete palmos de terra um corpo que outrora estava vivo, que era bom, que era mau. Ela nunca saberá se a pessoa que ela ajuda a manter ali embaixo estava desejoso de morrer, de interromper sua vida. Esse é um modo de dizer que, mesmo sem saber, estamos sempre afogados por grãos de areia sentimentais.

Esses grãos podem ser bons, pois juntam-se a outros grãos que o fazem crescer, fazer parte de um maquinário que dará força e vigor, fornecerá abertura para os nutrientes atingirem a semente recém enterrada para que ela cresça e se torne uma árvore, uma flor. Mesmo assim, essa migalha não se orgulhará e não terá sentimentos de grandeza, não será arrogante e com ares de liderança. Porque ela sabe (ou deve saber) que ela faz parte de um conjunto de outros grãos que farão o mesmo trabalho que ela.

Penso que a grande população mundial seja mais ou menos isso. Somos bons no começo. Fazemos de tudo para cairmos em solo fértil, para que mostremos o quão bom somos em fazer florescer algo que está além de nós.

Eu vejo todas as pessoas como grãos de areia. Ela são impelidas pelo vento das vaidades. Porque tudo é vaidade. Queremos saber mais do que os outros para nos gabarmos disso enquanto corrigimos outras pessoas. Queremos ser mais bonitos e chiques que outros para sermos invejados por aqueles outros grãos mais finos, que não conseguem se juntar à massa chique de outros solos.

Como eu queria ser um grão de areia, para voar , sendo carregado pelas asas do vento, sem saber o caminho, sem me interessar pela jornada, sem me preocupar com o destino final. Só eu e o vento. Cair em um lugar aonde ninguém saiba meu nome.

Mas a insistência de um jardineiro maior que eu me mantém preso a um invólucro que tenta se encher de alegria, enquanto eu mesmo sou oco, vazio. Se eu fosse uma concha, duvido que alguém ouviria o mar, mas sim, um lamento e um grande pedido de desculpas.

Selvagem é o vento, e fúteis são as tempestades que me afundam em um lugar alheio e diferente, mutável a cada dia, me deixando em eterna dúvida.

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Abstrato

Vejo as pessoas passando pelas calçadas, passando por mim, deixando seus rastros de perfume, suas palavras que soam desconexas para mim, pois não sei qual é o assunto que estão comentando uns com os outros. Desvio dos zumbis que vêm e vão, e continuo seguindo meu caminho. O caminho não é matéria, é algo abstrato. Mesmo a rua que te leva para casa é abstrato, é algo determinado, e é real justamente porque você o usa para chegar a determinado lugar. Mas, mesmo mudando sua trajetória, a probabilidade de você chegar em casa continua sendo grande. O que difere, nesse caso, são as ruas que serão percorridas no seu novo rumo. O final sim, é concreto: você está em casa, você toca a maçaneta da sua porta, senta no seu sofá, deita na sua cama. A concretização de milhares de abstrações é algo perseguido por todos desde o início dos tempos até o fim de nossas vidas.

As pessoas que eu vejo na rua, mesmo parecendo concretas, palpáveis, são abstratas para mim. Pois não as conheço, ou não as conheço mais, ou não quero conhecê-las. Então, partindo deste ponto, minha misantropia torna-se concreta em meu ponto-de-vista.

Todos falam "eu realizei isso, eu concretizei meu sonho". Mas não é verdade. Ele concretizou a necessidade de ter algo, e o resultado final torna-se abstrato justamente por causa da frustração ao se olhar para trás e ver que você empregou tanto tempo e esforço para algo que, agora, acabou. A jornada torna-se mais interessante, porque quando alguém elogiar o seu sonho, seja ele sua casa, seu emprego, seu diploma, sua roupa, você sentirá então a necessidade de contar para ela todo o trajeto percorrido até aquela conquista, e então, por um milésimo de segundo, todo o passado se tornará concreto e translúcido, pois é através dele que você está vendo o seu próprio resultado.

Ora, se eu respiro o ar abstrato, e me sinto concretamente vivo, não seria então o ar a concretização da abstração da vida? Se eu sinto amor, mas não consigo dar este amor a alguém, não tenho eu uma concretização de um sentimento, e uma abstração subjetiva? A carta que não encontra seu destinatário não é uma prova de que a pessoa que receberia aquela mensagem encontra-se, agora, num mundo abstrato?

E então, minha loucura, minha insanidade, minha paranóia, megalomania narcisista é a massa que mantém minhas células unidas. Ela se concretiza em um corpo que se movimenta pra lá e pra cá sem rumo, sem alegria, sem uma realização pessoal, sem ninguém. Meus sentimentos lutam para manter meu corpo unido, quando toda a parte concreta de mim luta para se abstrair de um mundo que eu cansei de tentar entender. As memórias tornam-se concretas para mostrar que, mesmo aqui, na existência, há algo, alguém, alguma coisa que berra para todas as outras coisas que é necessário manter-se concretamente unido, que é necessário ser uma matéria, ser um corpo, ser um "ser", para uma realização futura que eu tenho absoluta convicção de que não virá nunca.

Porque, como falei acima, meus caminhos são concretos, mas eu sumo, desapareço, a cada dia que ando por essa terra. Meus braços abraçam a abstração do vazio. Meus olhos concretizam lágrimas que correm abstratamente pelo meu rosto.

Eu sou a areia da ampulheta que caiu primeiro, e foi sendo sufocada por tantos outros grãos. Os que estão lá em cima ainda esperam confiantes que alguém vai aparecer e virar a ampulheta, mas ao mesmo tempo, temem ficar no mesmo lugar aonde eu estou. Já comigo, é o contrário. Se eu fosse o primeiro grão da ampulheta, faria questão de me esconder o mais fundo possível.


sábado, 6 de outubro de 2018

Quebrado

Eu tinha prometido que não escreveria mais nada aqui. Mas prometi muitas coisas que não consegui cumprir, e essa é mais uma delas.
A verdade é que eu devo ser o maior quebrador de promessas do mundo. Os motivos para isso eu não sei ao certo, talvez eu deva ser um fetichista maldito que gosta de fazer algo justamente para me denegrir por dentro.
Mas a maior promessa que eu tinha feito já foi quebrada. Este ano mesmo.
Eu tinha prometido a mim mesmo que não me salvaria, não faria nada para me salvar caso eu estivesse à beira da morte. E talvez por uma mensagem divina, uma providência sagrada, a ocasião veio, e ela era tão confortável, tão convidativa que recusá-la seria simplesmente me manter vivo até o dia que eu não mais acordasse.
Mas o que eu fiz? Acho que involuntariamente, num afã de burrice e estupidez aguçada, me permiti salvar a minha própria vida, numa cirurgia arriscada de 4 horas, e 21 pontos depois, cá estou eu, vivo, respirando. E desejando não estar aqui.
Porque eu me traí tanto, sendo que era isso que eu queria? Eu não deveria ter procurado ninguém, devia ter engolido todos os prognósticos e ficado quieto na minha, e hoje eu estaria confortável a sete palmos do chão, aonde ninguém se lembraria de mim. Mas o que eu fiz? Eu decidi estar vivo, para magoar mais pessoas, para continuar sendo um fracasso diuturno, uma piada viva, uma alegoria de uma sombra que luta à frente de uma vela colocada ao vento tempestuoso.
E aqui estou eu, quebrando mais uma promessa, de tantas outras que já quebrei. Maldito seja eu, penso. Maldito seja.

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Veneno

Creio que essa vai ser a última postagem. Até porque, eu mesmo não sei o que vai ser de mim depois de hoje.
Então eu creio que é melhor expor algumas coisas que tantas pessoas pensam a meu respeito.

"Eu me afastei". Sim, eu me afastei. Eu me desvinculei de tudo porque eu não posso ser fiel à ninguém se não fiel à mim mesmo. E por fidelidade não digo a traição que os casais estão acostumados. Me refiro ao simples fato de que não há mais aquela vontade de contar coisas da minha vida, quando eu quero só um ouvido imparcial. Toda a minha vida agora se resume a um milhão de palavras e sentimentos que eu não posso contar a ninguém porque tudo vem cercado de réplicas, conselhos, julgamentos, comentários sarcásticos.

Sim eu me afastei. Eu fui embora porque é inaceitável para mim aceitar ser tratado de uma forma que eu não gosto de tratar os outros. Isso fere, deturpa, acaba com a boa vontade, acaba comigo. Porque tenho que aceitar pedradas de alguém porque ela "falou algo sem querer", ou "sem pensar"? Acredite, ninguém fala sem pensar. E muito além disso, ninguém muda. Só esconde a verdadeira essência por conveniência. Assim que o ego se enche, assim que as pedras são lançadas, elas começam a represar o emocional. E pedra atrás de pedra, nosso fluxo contínuo de alegrias, de vida, tornam-se mais escassos, raros, até acabar.

Sim eu sou anormal. Muito. Demais. Você não tem a mínima noção, e tenha certeza de que, se eu lhe contei sobre isso com 1 milhão de palavras, ainda não era nem a introdução do modus operandi do meu ser. Porque eu sou muito mais do que isso. Eu sequer consigo explanar em um rascunho toda a enxurrada de pensamentos que passam pela minha mente todo segundo.

Sim, o motivo do término, do rompimento, do afastamento, pode ser pequeno para você. Mas para mim não. Do mesmo jeito que "quando Pedro me fala de Paulo, eu sei mais de Pedro do que de Paulo", eu sei que todas as palavras ditas "sem querer" mostram uma personalidade escondida, latente, que está tão somente testando a profundidade da água antes de tomar outro passo. E cada palavra relevada se torna uma pedra bem colocada, alicerçada no rancor, na palavra cuspida, na humilhação velada, que a pessoa sequer teve a porra da hombridade de considerar se ia machucar ou não.

Sim, se você é responsável pelo que diz, não pelo que eu ouço, eu posso ter a liberdade de encará-la da forma excessiva ou não, ainda mais quando ouvimos os mesmos termos antigamente e aprendemos a saber a hora de partir ou não. Porque relevar todo o mar de lama que me cuspiram por anos transformou a rio dos meus sentimentos em lodo. E foram desculpas atrás de desculpas. "Me perdoe"... "me desculpe"... "você não vai criar confusão por causa disso, vai?"... "uma hora você vai esquecer disso" são só alguns dos materiais usados na construção desse "ser" que luta para não ser nada, mesmo quando o destino, irônico como ele só, me dá mais uma chance de viver depois de uma morte certa e declarada.

Sim, paus e pedras quebram meus ossos, mas palavras podem matar a alma. E acho isso bem condizente, não é? Afinal, é quando o coração está cheio que a boca fala. E todos pareceram esvaziar o coração com o que há de pior, com coisas que eles mesmos, se estivessem no meu lugar, não aceitariam nem da primeira vez, porque elas se sentiriam ofendidas, diminuídas, desprezadas.

Sim, eu vou acabar sozinho. Porque o veneno das palavras consomem demais.

quinta-feira, 26 de julho de 2018

Aprendendo e desaprendendo


sexta-feira, 9 de março de 2018

Crise de ansiedade

Eu me cobro, eu me firo, eu me torturo, eu me desprezo, eu me encho de esperança, eu me encho de ansiedade, eu me cubro de expectativas, eu me coloco na beira do precipício.
Eu me dou asas, eu corro, eu brinco, eu rio, eu vejo, eu ouço, eu canto, eu não vôo.
Eu grito, eu aconselho, eu choro, eu abraço, eu beijo, eu olho para o escuro.
Eu falo palavras de esperança, eu prego a felicidade, eu engrandeço meus amigos, eu sinto falta de mim.
Eu sou o melhor em me torturar pelos fracassos que nunca terei, porque antes de tentar eu já me encho de ansiedade sobre o que fazer caso eu não seja bem sucedido em alguma coisa.
Eu sou o melhor em olhar para frente e imaginar uma parede de tijolos etérea.
Eu sou o melhor, dentro da minha cabeça, em ser o melhor para todos.
Eu sou o melhor para construir a ponte que me levará para o outro lado desse precipício.
Eu sou o melhor para correr, tomar impulso, e tentar voar para ir embora.
Eu sou o melhor para acender a luz da esperança na minha vida, e sentir o olhar que me encara na escuridão tremer perante a minha voz.
Eu sou o melhor para ajudar meus amados amigos a ir em busca dessa pessoa que eu sinto tanta falta.
Eu sou o único que pode me encontrar.
Me encontre.

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Renascendo.

Um senhor veio ao meu encontro hoje. Feliz da vida, acabara de receber algumas moedas de um jovem, e falava exultante:
- Tá vendo essas moedas aqui, rapaz? - apontava-as na minha direção - Eu vou colocar num cofre, porque no ano passado, 2017, eu não pude dar um presente de natal ao meu neto.
Conforme foi falando, as lágrimas encheram-lhe os olhos. Não sabia se ele estava sendo sincero ou não, e de fato, não me importava naquela hora, e não me importa agora.
Abrindo a mão, algumas moedas, que não somariam nem R$ 1,20, brilhavam por entre os calos dos dedos, de tanto andar com um carrinho de feira pelo bairro, catando latinhas.
Mas para ele, aquilo era o maior presente do mundo, o maior do universo, e ele falava com um destemor, e uma certeza que eu nunca vira, ou não me lembrava de ver há anos.
Quando, depois de rir, falar e cantar, ele me pediu uma ajuda, e eu não titubeei. Abri a carteira e dei-lhe algum dinheiro.
Mais feliz do que tudo, ele disse:
- Esses valor que você me deu, mais os 5 reais que você gastou na padaria, mais 50 reais que você comprou comida, Deus vai te dar em dobro.
Concordei com o "amém" padrão, que todos estamos acostumados a dizer quando alguém nos abençoa, e ia seguir meu caminho, quando ele disse:
- Você vai me reconhecer quando eu mudar pra melhor?
Meio que pego de surpresa, assenti. Afinal, ele não era uma pessoa muito comum, e certeza, eu o reconheceria de novo se o visse. Mas isso não vem ao caso.
- Então, Deus vai nos dar em dobro todas as felicidades que damos aos outros.
E se pôs a andar, empurrando seu carrinho de feira, parecendo que ganhara na loteria.
E eu, embasbacado, acabei comprando, sem querer, algo mais valioso do que aqueles dinheiro que eu lhe dei.
Comprei uma certeza.
Engraçado, eu comecei esse blog há alguns anos, e desde então várias coisas aconteceram. Entrei na faculdade, tranquei, destranquei, mudei de instituição de ensino, tive colegas, tive amigos, tive irmãos, tive amores.
E o tempo, implacável como ele só, foi pontuando as frases de nossas vidas, e aqui estou eu. Terminei meu curso superior, alguns colegas viraram amigos, alguns amores se foram pela ação do tempo, e alguns amigos simplesmente partiram. Se sinto falta? Claro que sim. Não tenho sangue de barata. Mas sei que o tempo de cada um é algo extremamente pessoal, e não depende de nós garantir algo que pode desaparecer com o tempo. Porque o mundo gira. Hoje eu estou aqui, amanhã posso não estar, e se assim for, nada que eu fizer poderá mudar meu destino. Eu posso protelar, barganhar, mas nunca adiar. Porque o tempo é inexorável.
E foi necessário um completo estranho para me dar um presente que tantas pessoas tiveram a chance de me oferecer e não o fizeram. Agora cabe a mim passar esse presente para frente. Porque a felicidade nunca deve acabar em você. Ela passa por você e se conecta com outra pessoa lá na frente. Seja por causa de um dinheiro, seja por causa de uma palavra, um sorriso, um carinho, uma simples despedida.
Somos grandemente felizes com coisas tão pequenas, que às vezes eu invejo as formigas.

Bem vindo a todos

Bem vindo a todos. Pegue uma cerveja, ou você prefere vodka? Tem rum também, conhaque...
Sabe de uma coisa, pegue você mesmo, fique à vontade. Curta o show, ele é único. Certifique-se de que tenha desligado o celular, porque isso aqui não tem hora e nem dia para acabar.
ENJOY...

Influências

  • Aerosmith
  • Blackmore's Night
  • Devil Driver
  • Impellitteri
  • Led Zeppelin
  • Lost Weekend
  • Motorhead
  • Pain
  • Rainbow
  • Yngwie Malmsteen