quinta-feira, 18 de outubro de 2018

areia.

Os sentimentos são como areia. Não importa se é areia de praia, ou de uma rua sem calçamento, de um deserto. Eles estão ali, juntos com milhares de outros grãos, cada um significando um sentimento diverso, seja para bem ou para o mal. A ventania, a erosão, as pisadas de animais ou pessoas acabam levando esses grãos para longe, mais distantes do que ela mesma imaginou, e pode tanto encontrar uma praia, ou um vaso de planta, como também pode se juntar com milhares de outros grãos sujos e se transformar em barro, lama, e talvez toda a virtude daquele sentimento/areia sofre uma mutação não prevista. Ela pode entrar no olho de alguém, pode acabar entupindo um encanamento, pode ser coadjuvante num deslizamento de terra que destrói tudo que encontra pelo caminho, ou também pode acabar em um vaso de planta que captará nutrientes para que uma semente cresça e produza uma árvore, uma planta, uma flor. Tudo depende de motivos alheios a ele. A areia não decide ficar e lutar contra a força natural, esta vinda não sei de onde, e então a jornada dela está sendo regida pelo acaso.

Assim é a humanidade. Não a humanidade de hoje. Mas a humanidade no decorrer da história, desde o começo de tudo. Ora, um grão de areia, se fosse dotado de pensamentos e anseios, tal qual um humano, com certeza não desejaria ser parte do monte que enterra abaixo de sete palmos de terra um corpo que outrora estava vivo, que era bom, que era mau. Ela nunca saberá se a pessoa que ela ajuda a manter ali embaixo estava desejoso de morrer, de interromper sua vida. Esse é um modo de dizer que, mesmo sem saber, estamos sempre afogados por grãos de areia sentimentais.

Esses grãos podem ser bons, pois juntam-se a outros grãos que o fazem crescer, fazer parte de um maquinário que dará força e vigor, fornecerá abertura para os nutrientes atingirem a semente recém enterrada para que ela cresça e se torne uma árvore, uma flor. Mesmo assim, essa migalha não se orgulhará e não terá sentimentos de grandeza, não será arrogante e com ares de liderança. Porque ela sabe (ou deve saber) que ela faz parte de um conjunto de outros grãos que farão o mesmo trabalho que ela.

Penso que a grande população mundial seja mais ou menos isso. Somos bons no começo. Fazemos de tudo para cairmos em solo fértil, para que mostremos o quão bom somos em fazer florescer algo que está além de nós.

Eu vejo todas as pessoas como grãos de areia. Ela são impelidas pelo vento das vaidades. Porque tudo é vaidade. Queremos saber mais do que os outros para nos gabarmos disso enquanto corrigimos outras pessoas. Queremos ser mais bonitos e chiques que outros para sermos invejados por aqueles outros grãos mais finos, que não conseguem se juntar à massa chique de outros solos.

Como eu queria ser um grão de areia, para voar , sendo carregado pelas asas do vento, sem saber o caminho, sem me interessar pela jornada, sem me preocupar com o destino final. Só eu e o vento. Cair em um lugar aonde ninguém saiba meu nome.

Mas a insistência de um jardineiro maior que eu me mantém preso a um invólucro que tenta se encher de alegria, enquanto eu mesmo sou oco, vazio. Se eu fosse uma concha, duvido que alguém ouviria o mar, mas sim, um lamento e um grande pedido de desculpas.

Selvagem é o vento, e fúteis são as tempestades que me afundam em um lugar alheio e diferente, mutável a cada dia, me deixando em eterna dúvida.

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