quarta-feira, 24 de outubro de 2018

vaidade

Tudo é vaidade.

Vendo o mundo atual, na sua corrente odiosa e intransigente, não consigo ver os "ventos de mudança" que muitos falam por aí.
Já temos guerras demais no mundo, por motivos reais e imaginários, entrelinhas e nuances de liberdade, mas que no fundo nada mais tem do que uma real dominação através de poder de fogo superior.
São pessoas assassinadas em embaixadas, sumiços, suicídios, uma onda de violência (premeditada?) gratuita, e uma total incapacidade mundial de se manter o controle. O motivo disso? Vaidade.
Ninguém quer dar o braço a torcer e mudar de opinião. Não queremos ser esbofeteados com um "eu te disse?", ou ganharmos a pecha de vira-casaca, ou mesmo ser agredidos na rua por pessoas que outrora concordavam com nosso ponto de vista.
Então engolimos nosso orgulho besta e seguimos a vida no silêncio interior, gritando coisas que não acreditamos, apoiando causas que não concordamos, nos estribando em vícios que não gostamos de ter, justamente por uma posição de conforto doentia que essa tal vaidade nos dá, sem saber o preço que pagamos por isso a cada momento.
Acho que tudo isso que eu falei pode não ter sentido algum. Amanhã eu posso vir com outra justificativa, outro texto imbecil falando asneira a meia dúzia de pessoas que não se importam. Mas pelo menos eu me dou o direito de lutar contra mim mesmo e mudar minhas opiniões a todo momento.


sábado, 20 de outubro de 2018

Amo. Odeio

Eu te amo. Eu me odeio.
Eu te odeio me amando.
Eu odeio te amar.
Quisera eu me odiar mais e te amar menos.
Quisera eu amar mais do que odiar a mim mesmo.
Eu te amo. Eu não me amo.

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Desespero

Desespero. Diferente do que vemos por aí, pessoas se descabelando, gritando, chorando aos berros, se atirando no chão, o estado de desânimo, desalento, se caracteriza pela total falta de ânimo para qualquer coisa. É como ser morno enquanto as pessoas são quentes ou frias. O morno é cuspido, jogado fora, pois não mata a sede, não sacia a fome, não da prazer ao paladar.

Desespero. Quem dera vir casado com o desapego. Desapegaria da minha vida de bom grado. Porque estou cansado de conversar com o desespero.

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

areia.

Os sentimentos são como areia. Não importa se é areia de praia, ou de uma rua sem calçamento, de um deserto. Eles estão ali, juntos com milhares de outros grãos, cada um significando um sentimento diverso, seja para bem ou para o mal. A ventania, a erosão, as pisadas de animais ou pessoas acabam levando esses grãos para longe, mais distantes do que ela mesma imaginou, e pode tanto encontrar uma praia, ou um vaso de planta, como também pode se juntar com milhares de outros grãos sujos e se transformar em barro, lama, e talvez toda a virtude daquele sentimento/areia sofre uma mutação não prevista. Ela pode entrar no olho de alguém, pode acabar entupindo um encanamento, pode ser coadjuvante num deslizamento de terra que destrói tudo que encontra pelo caminho, ou também pode acabar em um vaso de planta que captará nutrientes para que uma semente cresça e produza uma árvore, uma planta, uma flor. Tudo depende de motivos alheios a ele. A areia não decide ficar e lutar contra a força natural, esta vinda não sei de onde, e então a jornada dela está sendo regida pelo acaso.

Assim é a humanidade. Não a humanidade de hoje. Mas a humanidade no decorrer da história, desde o começo de tudo. Ora, um grão de areia, se fosse dotado de pensamentos e anseios, tal qual um humano, com certeza não desejaria ser parte do monte que enterra abaixo de sete palmos de terra um corpo que outrora estava vivo, que era bom, que era mau. Ela nunca saberá se a pessoa que ela ajuda a manter ali embaixo estava desejoso de morrer, de interromper sua vida. Esse é um modo de dizer que, mesmo sem saber, estamos sempre afogados por grãos de areia sentimentais.

Esses grãos podem ser bons, pois juntam-se a outros grãos que o fazem crescer, fazer parte de um maquinário que dará força e vigor, fornecerá abertura para os nutrientes atingirem a semente recém enterrada para que ela cresça e se torne uma árvore, uma flor. Mesmo assim, essa migalha não se orgulhará e não terá sentimentos de grandeza, não será arrogante e com ares de liderança. Porque ela sabe (ou deve saber) que ela faz parte de um conjunto de outros grãos que farão o mesmo trabalho que ela.

Penso que a grande população mundial seja mais ou menos isso. Somos bons no começo. Fazemos de tudo para cairmos em solo fértil, para que mostremos o quão bom somos em fazer florescer algo que está além de nós.

Eu vejo todas as pessoas como grãos de areia. Ela são impelidas pelo vento das vaidades. Porque tudo é vaidade. Queremos saber mais do que os outros para nos gabarmos disso enquanto corrigimos outras pessoas. Queremos ser mais bonitos e chiques que outros para sermos invejados por aqueles outros grãos mais finos, que não conseguem se juntar à massa chique de outros solos.

Como eu queria ser um grão de areia, para voar , sendo carregado pelas asas do vento, sem saber o caminho, sem me interessar pela jornada, sem me preocupar com o destino final. Só eu e o vento. Cair em um lugar aonde ninguém saiba meu nome.

Mas a insistência de um jardineiro maior que eu me mantém preso a um invólucro que tenta se encher de alegria, enquanto eu mesmo sou oco, vazio. Se eu fosse uma concha, duvido que alguém ouviria o mar, mas sim, um lamento e um grande pedido de desculpas.

Selvagem é o vento, e fúteis são as tempestades que me afundam em um lugar alheio e diferente, mutável a cada dia, me deixando em eterna dúvida.

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Abstrato

Vejo as pessoas passando pelas calçadas, passando por mim, deixando seus rastros de perfume, suas palavras que soam desconexas para mim, pois não sei qual é o assunto que estão comentando uns com os outros. Desvio dos zumbis que vêm e vão, e continuo seguindo meu caminho. O caminho não é matéria, é algo abstrato. Mesmo a rua que te leva para casa é abstrato, é algo determinado, e é real justamente porque você o usa para chegar a determinado lugar. Mas, mesmo mudando sua trajetória, a probabilidade de você chegar em casa continua sendo grande. O que difere, nesse caso, são as ruas que serão percorridas no seu novo rumo. O final sim, é concreto: você está em casa, você toca a maçaneta da sua porta, senta no seu sofá, deita na sua cama. A concretização de milhares de abstrações é algo perseguido por todos desde o início dos tempos até o fim de nossas vidas.

As pessoas que eu vejo na rua, mesmo parecendo concretas, palpáveis, são abstratas para mim. Pois não as conheço, ou não as conheço mais, ou não quero conhecê-las. Então, partindo deste ponto, minha misantropia torna-se concreta em meu ponto-de-vista.

Todos falam "eu realizei isso, eu concretizei meu sonho". Mas não é verdade. Ele concretizou a necessidade de ter algo, e o resultado final torna-se abstrato justamente por causa da frustração ao se olhar para trás e ver que você empregou tanto tempo e esforço para algo que, agora, acabou. A jornada torna-se mais interessante, porque quando alguém elogiar o seu sonho, seja ele sua casa, seu emprego, seu diploma, sua roupa, você sentirá então a necessidade de contar para ela todo o trajeto percorrido até aquela conquista, e então, por um milésimo de segundo, todo o passado se tornará concreto e translúcido, pois é através dele que você está vendo o seu próprio resultado.

Ora, se eu respiro o ar abstrato, e me sinto concretamente vivo, não seria então o ar a concretização da abstração da vida? Se eu sinto amor, mas não consigo dar este amor a alguém, não tenho eu uma concretização de um sentimento, e uma abstração subjetiva? A carta que não encontra seu destinatário não é uma prova de que a pessoa que receberia aquela mensagem encontra-se, agora, num mundo abstrato?

E então, minha loucura, minha insanidade, minha paranóia, megalomania narcisista é a massa que mantém minhas células unidas. Ela se concretiza em um corpo que se movimenta pra lá e pra cá sem rumo, sem alegria, sem uma realização pessoal, sem ninguém. Meus sentimentos lutam para manter meu corpo unido, quando toda a parte concreta de mim luta para se abstrair de um mundo que eu cansei de tentar entender. As memórias tornam-se concretas para mostrar que, mesmo aqui, na existência, há algo, alguém, alguma coisa que berra para todas as outras coisas que é necessário manter-se concretamente unido, que é necessário ser uma matéria, ser um corpo, ser um "ser", para uma realização futura que eu tenho absoluta convicção de que não virá nunca.

Porque, como falei acima, meus caminhos são concretos, mas eu sumo, desapareço, a cada dia que ando por essa terra. Meus braços abraçam a abstração do vazio. Meus olhos concretizam lágrimas que correm abstratamente pelo meu rosto.

Eu sou a areia da ampulheta que caiu primeiro, e foi sendo sufocada por tantos outros grãos. Os que estão lá em cima ainda esperam confiantes que alguém vai aparecer e virar a ampulheta, mas ao mesmo tempo, temem ficar no mesmo lugar aonde eu estou. Já comigo, é o contrário. Se eu fosse o primeiro grão da ampulheta, faria questão de me esconder o mais fundo possível.


sábado, 6 de outubro de 2018

Quebrado

Eu tinha prometido que não escreveria mais nada aqui. Mas prometi muitas coisas que não consegui cumprir, e essa é mais uma delas.
A verdade é que eu devo ser o maior quebrador de promessas do mundo. Os motivos para isso eu não sei ao certo, talvez eu deva ser um fetichista maldito que gosta de fazer algo justamente para me denegrir por dentro.
Mas a maior promessa que eu tinha feito já foi quebrada. Este ano mesmo.
Eu tinha prometido a mim mesmo que não me salvaria, não faria nada para me salvar caso eu estivesse à beira da morte. E talvez por uma mensagem divina, uma providência sagrada, a ocasião veio, e ela era tão confortável, tão convidativa que recusá-la seria simplesmente me manter vivo até o dia que eu não mais acordasse.
Mas o que eu fiz? Acho que involuntariamente, num afã de burrice e estupidez aguçada, me permiti salvar a minha própria vida, numa cirurgia arriscada de 4 horas, e 21 pontos depois, cá estou eu, vivo, respirando. E desejando não estar aqui.
Porque eu me traí tanto, sendo que era isso que eu queria? Eu não deveria ter procurado ninguém, devia ter engolido todos os prognósticos e ficado quieto na minha, e hoje eu estaria confortável a sete palmos do chão, aonde ninguém se lembraria de mim. Mas o que eu fiz? Eu decidi estar vivo, para magoar mais pessoas, para continuar sendo um fracasso diuturno, uma piada viva, uma alegoria de uma sombra que luta à frente de uma vela colocada ao vento tempestuoso.
E aqui estou eu, quebrando mais uma promessa, de tantas outras que já quebrei. Maldito seja eu, penso. Maldito seja.

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Veneno

Creio que essa vai ser a última postagem. Até porque, eu mesmo não sei o que vai ser de mim depois de hoje.
Então eu creio que é melhor expor algumas coisas que tantas pessoas pensam a meu respeito.

"Eu me afastei". Sim, eu me afastei. Eu me desvinculei de tudo porque eu não posso ser fiel à ninguém se não fiel à mim mesmo. E por fidelidade não digo a traição que os casais estão acostumados. Me refiro ao simples fato de que não há mais aquela vontade de contar coisas da minha vida, quando eu quero só um ouvido imparcial. Toda a minha vida agora se resume a um milhão de palavras e sentimentos que eu não posso contar a ninguém porque tudo vem cercado de réplicas, conselhos, julgamentos, comentários sarcásticos.

Sim eu me afastei. Eu fui embora porque é inaceitável para mim aceitar ser tratado de uma forma que eu não gosto de tratar os outros. Isso fere, deturpa, acaba com a boa vontade, acaba comigo. Porque tenho que aceitar pedradas de alguém porque ela "falou algo sem querer", ou "sem pensar"? Acredite, ninguém fala sem pensar. E muito além disso, ninguém muda. Só esconde a verdadeira essência por conveniência. Assim que o ego se enche, assim que as pedras são lançadas, elas começam a represar o emocional. E pedra atrás de pedra, nosso fluxo contínuo de alegrias, de vida, tornam-se mais escassos, raros, até acabar.

Sim eu sou anormal. Muito. Demais. Você não tem a mínima noção, e tenha certeza de que, se eu lhe contei sobre isso com 1 milhão de palavras, ainda não era nem a introdução do modus operandi do meu ser. Porque eu sou muito mais do que isso. Eu sequer consigo explanar em um rascunho toda a enxurrada de pensamentos que passam pela minha mente todo segundo.

Sim, o motivo do término, do rompimento, do afastamento, pode ser pequeno para você. Mas para mim não. Do mesmo jeito que "quando Pedro me fala de Paulo, eu sei mais de Pedro do que de Paulo", eu sei que todas as palavras ditas "sem querer" mostram uma personalidade escondida, latente, que está tão somente testando a profundidade da água antes de tomar outro passo. E cada palavra relevada se torna uma pedra bem colocada, alicerçada no rancor, na palavra cuspida, na humilhação velada, que a pessoa sequer teve a porra da hombridade de considerar se ia machucar ou não.

Sim, se você é responsável pelo que diz, não pelo que eu ouço, eu posso ter a liberdade de encará-la da forma excessiva ou não, ainda mais quando ouvimos os mesmos termos antigamente e aprendemos a saber a hora de partir ou não. Porque relevar todo o mar de lama que me cuspiram por anos transformou a rio dos meus sentimentos em lodo. E foram desculpas atrás de desculpas. "Me perdoe"... "me desculpe"... "você não vai criar confusão por causa disso, vai?"... "uma hora você vai esquecer disso" são só alguns dos materiais usados na construção desse "ser" que luta para não ser nada, mesmo quando o destino, irônico como ele só, me dá mais uma chance de viver depois de uma morte certa e declarada.

Sim, paus e pedras quebram meus ossos, mas palavras podem matar a alma. E acho isso bem condizente, não é? Afinal, é quando o coração está cheio que a boca fala. E todos pareceram esvaziar o coração com o que há de pior, com coisas que eles mesmos, se estivessem no meu lugar, não aceitariam nem da primeira vez, porque elas se sentiriam ofendidas, diminuídas, desprezadas.

Sim, eu vou acabar sozinho. Porque o veneno das palavras consomem demais.

Bem vindo a todos

Bem vindo a todos. Pegue uma cerveja, ou você prefere vodka? Tem rum também, conhaque...
Sabe de uma coisa, pegue você mesmo, fique à vontade. Curta o show, ele é único. Certifique-se de que tenha desligado o celular, porque isso aqui não tem hora e nem dia para acabar.
ENJOY...

Influências

  • Aerosmith
  • Blackmore's Night
  • Devil Driver
  • Impellitteri
  • Led Zeppelin
  • Lost Weekend
  • Motorhead
  • Pain
  • Rainbow
  • Yngwie Malmsteen