quarta-feira, 17 de abril de 2019

POEIRA, ENTENDIMENTO, ARREPENDIMENTOS E NADA



       As coisas são estranhas. As pessoas andam por aí, correm, brigam, gritam, xingam, batem uns nos outros. Mas o mundo ainda continua, não somente por causa do relógio que indica a hora de acordar, a hora de almoçar, e a hora de ir pra casa. Enquanto nos tornamos peças dessa engrenagem sem sentido algum, acabamos esquecendo do mundo como um todo.
        Acho que não saber mantém as pessoas num círculo de causa de retribuição que, embora não seja o mais certo, é o mais cômodo para o momento. E daí se meu carro está velho? Eu posso trocá-lo. Não foi isso que nossos pais nos ensinaram desde cedo? Não foi isso que as escolas jogaram em cima de nós, goela abaixo, com testes padronizados como se fôssemos produção em série? Não é isso que pensamos quando pegamos os diplomas das mãos daquele diretor que odiamos? A resposta nesse caso nem existe, ela é somente um arranhão numa superfície que seus pais também arranharam, e os pais antes deles, e que seus filhos também arranharão.

        E daí se meu amor não me serve mais? Não posso trocá-lo? Não é isso que existe hoje, a liberalidade emocional, que apesar de aceita por mim, ainda carece de cuidados, pois isso está criando um numero maior de pessoas solitárias, que pensam ter o mundo a seus pés, quando, na verdade, estão com a terra acima de suas cabeças, enterradas, mortas em vida.

        E por causa de nossos sentimentos estilo "Loja de departamentos", acabamos sempre retornando ao mesmo lugar, igual um supermercado, quando você esquece de alguma coisa, e começa a correr pelas seções tentando lembrar se esqueceu o molho de tomate ou o café. Nós sempre voltamos à seção das bebidas e dos amores esquecidos, das tretas e brigas passadas, passaremos pelo jardim dos desafetos e palavras duras, e odiaremos a mera visão do setor dos elogios passados. Elas duram muito pouco. Preferimos mandar alguém adubar o rancor.

      E fora dessa loja, o tempo lá fora continua passando. As pessoas ainda correm, brigam, gritam, xingam,  batem uns nos outros. Isso alimenta o jardim do rancor lá dentro da loja. Ele vale a pena. Dá a sensação de "ei, eu estou fazendo algo, estou adubando meu jardim".  Mas cara, esse jardim é podre, a terra contém esterco e pestes, as plantas são de plástico e resina, as placas mal conseguem se distinguir umas das outras, pois é tudo perdição. É tudo artificial. Tudo o que você fala é artificial, se sabe que está descontando nos outros o que outros não tiveram a coragem de esparramar na sua cara. Ou então você carrega o bastião do "eu me criei sozinho ouvindo coisas assim, e hoje eu sou uma 'boa pessoa', então ninguém melhor que eu para falar isso para outra pessoa. Mesmo que a destrua, mesmo que a deprima, mesmo que a faça pensar em morrer. Eu mereço falar isso, e assim eu farei".

       E no meio disso tudo, o mundo continua desafiando os espectadores preocupados a parar e observar, e então, tal qual um sábio sentado pacientemente debaixo de uma árvore, ele abre a mão e nos mostra enigmas e mistérios, e nossas mentes, nossa compreensão, nosso entendimento, inteligência e intuição, tão pequenas, medíocres, mal conseguimos entender, debater ou suportar. Elas só estão ali, como aquela vitrine de loja que nós passamos por perto mas não temos o mínimo interesse em ver, talvez por pressa. Mas ela continua ali, imóvel, mostrando tudo que precisamos saber caso demonstremos uma vontade de conhecer aquele lugar a fundo. Coisa que nunca vai acontecer. Já conhecemos a fundo tudo que nos dá um resultado, um prêmio a curto e médio prazo. Não pensamos nunca em ter algo que, apesar de difícil, vai nos dar uma resposta a longo prazo que valerá a pena para tudo o que passamos por aqui.

       E assim, junto com o sábio paciente, as pessoas que sentem toda a dor de se manter vivo, sentam-se ao redor dele, procurando uma solução que nunca virá, pois estamos tão obtusos que sequer ouvimos a voz do ancião. Ele só balbucia algumas coisas no silêncio que nunca mais teremos num mundo tão barulhento. A punição por não ouvir é sofrer por coisas que ele nem entende, sentir seu coração pulsando areia, respirar ácido, pisar em chamas, e esperar que tudo isso acabe. Mas aí sim, no meio desse turbilhão, vem um sussurro: você só vai acabar com tudo quando entender tudo.

        Deus, Jeová, Ogum, Dianna, Cernunno, seja lá quem for, eu trocaria toda a compreensão disso tudo, se eu fosse esquartejado espiritualmente, e meus pedaços fossem enviados às pessoas que eu amo, e que passam por tantas dificuldades. Porque eu seria feliz, pelo menos. Sabendo que elas são felizes por mim.

                                                           Insha'allah




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