sexta-feira, 27 de outubro de 2017

O que estou pensando?

Os dias passam como deveriam ser. As horas continuam a ter 60 minutos. Os minutos, 60 segundos. E assim se constrói o dia. De tempo que dedicamos à coisas que achamos ser importante, ou simplesmente num estado ocioso, como aquele "break" que damos às nossas mentes, depois de um período de trabalho árduo, ou então por pura preguiça.

Mas conviver com uma centena de pensamentos por segundo não é algo fácil. Na verdade, uma das coisas mais complicadas que existe para mim é responder a uma simples pergunta: "O que você está pensando?"

Eu poderia estar com a minha mente em 3.500 lugares diferentes, imaginando 10.000 cenários improváveis, fazendo 30.000 estimativas, analisando 500.000 possibilidades de como as coisas poderiam estar acontecendo em outras realidades que não a nossa. Ou posso estar pensando em como uma música de uma banda parece se fundir a um acontecimento da minha vida, e minha mente começa a fazer ligações entre músicas e cheiros, locais, clima, acontecimento, etc. Ou posso, simplesmente, não estar pensando em nada.

Veja bem, não sou diferente de qualquer outra pessoa neste mundo que carrega o fardo da hiperatividade. Me manter calmo e seguro quando começo a pensar em alguma coisa é uma tarefa árdua, mas a experiência me ensinou bem como manter um padrão (pelo menos na maioria dos casos).

Para ilustrar o caso:

Eu acordo de manhã. Minha mente está parada na entrada de um grande salão mal iluminado, mas não escuro. Dentro deste salão, estão milhares e milhares de cordas. Elas possuem uma tarja de identificação em uma ponta, sinos presos em seu meio, e lá em cima, no começo dessa corda, está uma lâmpada.Cada corda dessa é uma memória adquirida ao longo de meus dias de vida.

E conforme vou iniciando meu dia, minha mente vai entrando nesse grande salão, e começo a encostar em algumas das cordas que estão mais próximas à porta. É o cheiro do café, o trabalho matutino de começar "reiniciar" meu cérebro para o dia de hoje, os compromissos que terei durante o dia. Até aí, tudo bem, porque são cordas que eu realmente preciso tocar.

Mas o dia se expande, não da mesma forma como algumas pessoas pensam, mas de um jeito que beira ao masoquismo.

Porque há cordas que eu não quero tocar, mas esbarro nelas por acidente, e o sino toca, e a lâmpada se acende, e então, eu consigo ler a tarja de identificação. É uma memória. Se ela é boa ou ruim, só saberei depois que a luz se acender. E quando essa luz se acende, e eu consigo ler a identificação, um projetor colocado em uma das paredes deste grande salão repassa o acontecimento que me fez adquirir aquela memória. É como se eu revivesse o acontecimento por um instante. Parecem horas dentro da minha cabeça, mas no mundo real, não dura mais do que 1 segundo.

Se, após visualizar o acontecimento, eu não me conseguir me controlar, posso tocar em outra corda, e acontecimentos próximos àquele vão começar a ser reproduzidos no projetor. E aí está formado o caos mental, as memórias, que despertam emoções que eu não queria lembrar, ou não estou preparado para resolver naquele momento, pois preciso de todas as minhas faculdades intactas para poder superar o dia. Então, eu vejo que, à minha frente, e ao meu lado, existem mais milhares de cordas, bem próximas umas das outras. Percebo que devo começar a me mover com cuidado.

E, enquanto algumas pessoas estão saindo para seus trabalhos, faculdade, baladas, eu passo o dia dentro desse grande salão, andando cuidadosamente, para não tocar em mais nenhuma corda, que pode me remeter a outras memórias indesejáveis. É uma verdadeira cama de gato, um jogo de gato e rato que jogo comigo mesmo, a todo instante.

Mas, e aí, o que eu estou pensando? Posso dar uma resposta fútil e superficial, para manter todos calmos e tranquilos, e dar a sensação que eu sou como um deles. Mas aqui dentro, aqui dentro da minha cabeça, eu respiro com cautela, eu ando devagar, com movimentos calculados, me esgueirando por entre acontecimentos que eu deveria esquecer.

No final do dia, quando todas as pessoas só querem deitar a cabeça no travesseiro e dormir, eu vejo que consegui atravessar o grande salão. Abro a porta, saio daquele lugar, durmo, e no outro dia, estou novamente à entrada daquele grande auditório, repleto de cordas, sinos, lâmpadas e o projetor. Só há uma diferença: há novas cordas naquele lugar. Cordas que não precisam ser tocadas para ativar uma memória. São memórias recentes, que ficam martelando de novo, e de novo, como um filme em reprise. E aí, meu amigo, meu dia começa a andar extremamente mais devagar. Cada hora tem 10 anos. Cada minuto tem 3000 horas. Cada segundo tem 1000 minutos. E eu, entorpecido pela reprise daquela memória recente, acabo tropeçando em outras cordas, que trazem recordações que não quero lembrar, e as luzes que se acendem, os sinos que tocam, me deixam zonzo a ponto de eu querer perder a consciência. Mas sei que preciso chegar ao final do salão. Preciso terminar o meu dia.

Quando finalmente chego ao final do meu dia, e quando as pessoas, novamente, vão se deitar e dormir, eu alcanço a porta do salão, abro a porta, e saio. Mas os ecos permanecem. E a certeza de que essas memórias vão começar a repassar na minha mente começam a me torturar de antemão.

Mas, e ae, o que eu estou pensando?


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