segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Às palavras.

Amo palavras. A conexão entre letras que formam sílabas, que se juntam formando uma palavra que exprimem um significado entre pessoas que se entendem. Isso me fascina sobremaneira.

Houve uma época em que eu era bem rápido no falar. Hoje eu ainda consigo ser sarcástico e irônico quando quero ser, e consigo fazer piadas com tudo.

Mas sei que palavras também ferem. E muito. "Lingua ferit, manus necat". A Língua fere, a mão mata. Mas a língua também tem sua dose de veneno, e não podendo matar um corpo físico, já que é tecnicamente impossível, esse pequeno órgão é capaz de matar sentimentos.

A violência das palavras não precisa vir precedida de berros, como alguns podem pensar. O simples "falar calmamente" já é capaz de grandes estragos. Ela destrói pontes, rompem elos de correntes de afeto, humilham, abusam, criticam, deturpam, denigrem, enfim, "fere", no sentido lato.

E é assim que acontece. A pessoa que profere as palavras nunca sabe o que fez de errado, mas a pessoa que as ouve é torturada a todo momento, pela repetição da cena. Principalmente para pessoas que não conseguem esquecer. Não sei se isso é um masoquismo subconsciente, mas parece que tais palavras, frases, sentenças, são sempre repetidas em sua mente, e o sentido dela, por incrível que pareça, não precisa ser ampliado. Porque ela já carrega em si todo o sentido, toda a intenção que o emissor pretendia ao falar.

E quando essas palavras colam no coração, e rompem caminhos tão bem traçados e delineados na sua mente, é como se, de repente, as cordas que seguravam seu barco fossem cortadas antes do tempo, e você se vê à deriva, nesse mar de palavras ditas com tamanha veracidade, mesclando-se a sonhos interrompidos, frustrações passadas e presentes, dores que você tinha certeza que tinha esquecido, ou que jurava nunca mais ter que experimentar.

E, nesse mundaréu de palavras, só o meu silêncio. O silêncio de alguém que não entendeu o sentimento principal que levou àquelas mesmas sentenças, que te destruíram por dentro. O vento parou dentro de mim. O mar parou de se agitar. Os pássaros sumiram, o sol amornou. E eu fiquei parado, no meu barco com cordas rompidas, navegando mais uma vez entre destroços.

Se eu deveria ter falado com a pessoa sobre o que aconteceu? Para quê? O que foi dito não poderia ser desdito, e uma desculpa aleatória não aplacaria a dor que senti no momento, só seria um paliativo, e a cada momento, eu ainda ouviria os ecos das palavras, como um lembrete, vindo de um velho farol, para me mostrar o quão insignificante eu sou.

Então eu preferi o silêncio da solidão. Mais uma vez. E aqui estou eu, navegando mais uma vez, entre destroços.

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