sábado, 4 de setembro de 2010

O tempo, o pesadelo e a cova

O tempo deixa marcas maiores que simples rugas. Deixa cicatrizes. O vento corta nossos rostos, bem rente aos olhos, quando vemos uma pessoa que queríamos com alguém. E por todo o tempo que restar, até sua consciência parar de te torturar com a lembrança, voce vai pensar em porque não estava com ela no momento certo, porque não disse as palavras certas, porque deixou aquilo chegar naquele ponto. Serão tantas perguntas que voce vai franzir o cenho e ver que está sozinho. As pessoas continuarão vivendo suas vidas, pensando que voce está em crise existencial, mas somente quem passa por isso sabe o que é.

Mas voltando ao assunto “tempo”, acho que ele equivale a todas as burradas que voce já cometeu com outras pessoas. Quantas vezes dissemos que amávamos alguém sem sentir nada, não fizemos um pequeno teatrinho para não ficarmos sozinhos, ou maltratamos uma pessoa que nos amava usando uma palavra, ou então traindo, ou então deixando-a sozinha.

Tempo e pesadelos caminham juntos pela mesma escada que tentamos subir, à medida que envelhecemos. A cada degrau que vencemos, o tempo fica mais nebuloso, e os pesadelos tornam-se mais reais. Acho que, escrevendo isso aqui, eu começo a entender a cabeça dos suicidas. É mais fácil morrer que viver. Talvez, ele achou uma brecha no corrimão dessa escada, um momento que o tempo se descuidou, e então ele mergulhou de cabeça para o vazio pacífico que nada mais é que um buraco no chão. Antes tivesse escolhido ficar vivo.

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Gostaria de postar isso como o ilustre desconhecido, mas acho que várias pessoas se identificariam com as palavras, e cobrariam de mim as respostas que eu retenho com tanto zelo. Talvez um dia eu poste, como uma pequena história, o nome de todas as pessoas que conseguiram construir esse sujeito que vos escreve. Vou agradecer àquela pessoa que me visitou no meu trabalho, sentou-se a minha frente, enquanto eu trabalhava e andou comigo pelas ruas com uma garrafa de cerveja na mão para ouvir minhas esquisitices. Ou então àquela pessoa que eu devo a minha vida, que me estendeu a mão quando eu estava precisando, só isso.

Mas isso eu só farei com o tempo. Talvez eu escreva um livro sobre mim mesmo assim que o tempo mandar um pouco de luz por entre as nuvens densas. Se os pesadelos pararem de cortar minhas pernas com os espinhos, eu me sentirei confortável o suficiente para fazer o que eu quero. Poderia receber de Deus uma chance de caminhar por entre uns degraus sem dificuldade, ou então me dar um alívio de todas as minhas memórias. Mas enquanto não recebo essa colher-de-chá, eu vou ficando aqui, subindo os degraus, com cada nuvem negra em cima de mim, ou com cada espinho. A dor só aumenta a vontade de ver como isso tudo vai acabar. Não vou parar na falha do corrimão e me jogar, meu buraco no chão ainda está longe de ser cavado. Foda-se.

lg_grave1991

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